segunda-feira, fevereiro 27, 2006
Octopiler: o primeiro de uma geração
A IBM publicou dados sobre o Octopiler, um compilador específico para aproveitar o paralelismo heterogêneo da plataforma Cell. Ele é fruto de estudos de uma equipe de técnicos do consórcio STI e representa um redesenho radical no modelo de compiladores que conhecemos hoje.
Com essa nova geração de super-compiladores os programadores poderão criar código que aproveite todas as capacidades de processadores multi-núcleos. Esse tipo de compilador é essêncial para que todo o poder de fogo esperado dos novos processadores Cell possa ser aproveitado. E é justamente a ausência dessa tecnologia de compilação que pode provocar um atraso no lançamento do aguardado Sony PS3. Mais informações sobre o assunto podem ser lidas no meu artigo no meiobit.com.
Com essa nova geração de super-compiladores os programadores poderão criar código que aproveite todas as capacidades de processadores multi-núcleos. Esse tipo de compilador é essêncial para que todo o poder de fogo esperado dos novos processadores Cell possa ser aproveitado. E é justamente a ausência dessa tecnologia de compilação que pode provocar um atraso no lançamento do aguardado Sony PS3. Mais informações sobre o assunto podem ser lidas no meu artigo no meiobit.com.
segunda-feira, fevereiro 13, 2006
Intel planeja monopólio de mercado
A Intel fechou um acordo com a Skype para que funções avançadas de conferência usando VOIP só estejam disponíveis em certos processadores de sua linha de produtos. Usando modelos mais baratos da própria Intel, ou qualquer modelo de processador da AMD as funções de conferência estariam limitadas.
Se por um lado inexiste justificativa técnica para isso, por outro a Intel espera que isso force usuários que precisam desse tipo de serviço a comprarem máquinas baseadas em seus processadores. E a Intel tem trabalhado para que acordos desse mote sejam fechados com outras empresas de software e de integração de sistemas. O que pode criar uma visão assustadora. Um acordo como esse com a Adobe/Macromedia poderia, por exemplo, permitir que a editoração para fluxos de vídeo de alta-resolução só pudesse ser usada em máquinas com Pentium 4 e superiores, fazendo com que não houvesse opção de compra para os consumidores que desejam usar máquinas baseadas em outros modelos de CPUs.
Mais que isso, a Intel está dando um recado para o mercado: não nos importamos com padrão! Os chips para computadores da AMD obedecem ao padrão x86 (criado pela própria Intel na década de 1970). Os chips da Intel (à excessão do fracasso de vendas Itanium) também obedecem a esse padrão. Mas a Intel quer agora que softwares específicos rodem melhor em seus produtos. Em lugar de agir honestamente buscando desenvolver melhor seus produtos e conseguir vantagem sobre a concorrência pelo mérito técnico a Intel achou mais fácil subornar os fabricantes de software para que seus produtos rodassem com menos recursos na plataforma da concorrência.
Desde o lançamento do AMD AthlonXP a Intel tem tido problemas para manter seus processadores à frente da concorrência. Hoje os processadores topo de linha da AMD são mais rápidos, mais baratos, usam menos energia e ainda trabalham na metade do clock dos seus rivais fabricados pela Intel. A excessão é o mercado de portáteis, onde a Intel possui a melhor solução. Recentemente a AMD assumiu a posição de lider de tecnologia no mercado de PCs ao lançar antes da Intel processadores x86 com 64bits e com núcleo duplo. Encurralada por sua própria plataforma e suas limitações a Intel não teve outra saída a não ser apelar para o jogo sujo e usar seu peso para começar a fechar contratos de exclusividade com o ramo de software.
O Pentium 4 é considerado a pior plataforma que a Intel já desenhou em sua história. Em mesmo clock um Pentium 4 desempenha pior até que seu antecessor, o Pentium 3. Por isso o Pentium foi o núcleo escolhido para dar vida ao Pentium M (esse sim considerado um dos melhores processadores da linha Intel). Com o avanço da tecnologia da AMD ela pode lançar o Atlhon64/Opteron considerado por muitos o melhor processador do mercado para computadores de pequeno porte e servidores modulares. O Atlhon64 foi o responsável por algo até então inédito na indústria: seu set de instruções de 64bits foi adotado pela Intel para integrar a solução do Pentium/Xeon. Nunca antes a Intel precisou seguir uma de suas concorrentes diretas na plataforma x86, o que indicou que nesse segmento a AMD estaria tecnologicamente à frente da criadora da plataforma.
Sem a possibilidade de trazer ao mercado uma solução que consiga competir de igual para igual com o Atlhon/Opteron e vendo pela primeira vez suas vendas no varejo serem menores que as da AMD a Intel decidiu que o tapete corporativo precisava ser puxado. Antes que a AMD possa pensar em liderança de segmentos ou de mercado a Intel decidiu fechar acordos que façam com que software rode deliberadamente com menos benefícios nos processadores concorrentes.
Não importa se Atlhon e Pentium são ambos x86 (e compartilham muitos sets de instruções: MMX, SSE, SSE2, SSE3 e x86-64) e nem se o Atlhon é uma melhor plataforma do ponto de vista técnico: a Intel quer que software rode melhor no Pentium. Não conseguiu fazer isso melhorando seu processador, vai fazer pagando para desenvolvedores sabotarem processadores da AMD.
Que vergonha! Talvez a Intel devesse demitir alguns marketeiros e homens de negócio e contratar mais alguns engenheiros. Em lugar de fazer fiasco eles então poderiam voltar a fazer processadores.
Se por um lado inexiste justificativa técnica para isso, por outro a Intel espera que isso force usuários que precisam desse tipo de serviço a comprarem máquinas baseadas em seus processadores. E a Intel tem trabalhado para que acordos desse mote sejam fechados com outras empresas de software e de integração de sistemas. O que pode criar uma visão assustadora. Um acordo como esse com a Adobe/Macromedia poderia, por exemplo, permitir que a editoração para fluxos de vídeo de alta-resolução só pudesse ser usada em máquinas com Pentium 4 e superiores, fazendo com que não houvesse opção de compra para os consumidores que desejam usar máquinas baseadas em outros modelos de CPUs.
Mais que isso, a Intel está dando um recado para o mercado: não nos importamos com padrão! Os chips para computadores da AMD obedecem ao padrão x86 (criado pela própria Intel na década de 1970). Os chips da Intel (à excessão do fracasso de vendas Itanium) também obedecem a esse padrão. Mas a Intel quer agora que softwares específicos rodem melhor em seus produtos. Em lugar de agir honestamente buscando desenvolver melhor seus produtos e conseguir vantagem sobre a concorrência pelo mérito técnico a Intel achou mais fácil subornar os fabricantes de software para que seus produtos rodassem com menos recursos na plataforma da concorrência.
Desde o lançamento do AMD AthlonXP a Intel tem tido problemas para manter seus processadores à frente da concorrência. Hoje os processadores topo de linha da AMD são mais rápidos, mais baratos, usam menos energia e ainda trabalham na metade do clock dos seus rivais fabricados pela Intel. A excessão é o mercado de portáteis, onde a Intel possui a melhor solução. Recentemente a AMD assumiu a posição de lider de tecnologia no mercado de PCs ao lançar antes da Intel processadores x86 com 64bits e com núcleo duplo. Encurralada por sua própria plataforma e suas limitações a Intel não teve outra saída a não ser apelar para o jogo sujo e usar seu peso para começar a fechar contratos de exclusividade com o ramo de software.
O Pentium 4 é considerado a pior plataforma que a Intel já desenhou em sua história. Em mesmo clock um Pentium 4 desempenha pior até que seu antecessor, o Pentium 3. Por isso o Pentium foi o núcleo escolhido para dar vida ao Pentium M (esse sim considerado um dos melhores processadores da linha Intel). Com o avanço da tecnologia da AMD ela pode lançar o Atlhon64/Opteron considerado por muitos o melhor processador do mercado para computadores de pequeno porte e servidores modulares. O Atlhon64 foi o responsável por algo até então inédito na indústria: seu set de instruções de 64bits foi adotado pela Intel para integrar a solução do Pentium/Xeon. Nunca antes a Intel precisou seguir uma de suas concorrentes diretas na plataforma x86, o que indicou que nesse segmento a AMD estaria tecnologicamente à frente da criadora da plataforma.
Sem a possibilidade de trazer ao mercado uma solução que consiga competir de igual para igual com o Atlhon/Opteron e vendo pela primeira vez suas vendas no varejo serem menores que as da AMD a Intel decidiu que o tapete corporativo precisava ser puxado. Antes que a AMD possa pensar em liderança de segmentos ou de mercado a Intel decidiu fechar acordos que façam com que software rode deliberadamente com menos benefícios nos processadores concorrentes.
Não importa se Atlhon e Pentium são ambos x86 (e compartilham muitos sets de instruções: MMX, SSE, SSE2, SSE3 e x86-64) e nem se o Atlhon é uma melhor plataforma do ponto de vista técnico: a Intel quer que software rode melhor no Pentium. Não conseguiu fazer isso melhorando seu processador, vai fazer pagando para desenvolvedores sabotarem processadores da AMD.
Que vergonha! Talvez a Intel devesse demitir alguns marketeiros e homens de negócio e contratar mais alguns engenheiros. Em lugar de fazer fiasco eles então poderiam voltar a fazer processadores.
sábado, janeiro 28, 2006
Um bug no CoreDuo?
O site Tom's Hardware descobriu recentemente um bug na implementação do driver de ACPI do Windows XP SP2 escrito pela Microsoft que causa diminuição na duração da bateria de notebooks e tablet PCs. O problema teria chego ao conhecimento da Microsoft e da Intel em 12 de Julho de 2005, segundo o Slashdot. O bug previne que o processador reduza sua freqüência ou mesmo seja desativado para economizar energia, o que causa um consumo mais elevado de eletricidade e portanto a diminuição na vida da carga da bateria da máquina.
Não há correção para o bug e o mais estranho é que nem sistemas baseados em processadores AMD nem sistemas Intel de single core sofrem este mesmo problema. Seria então mesmo um problema da implementação ACPI da Microsoft no Windows ou seria um bug na implementação da Intel no CoreDuo, que poderia inclusive afetar os novos sistemas da Apple?
Não há correção para o bug e o mais estranho é que nem sistemas baseados em processadores AMD nem sistemas Intel de single core sofrem este mesmo problema. Seria então mesmo um problema da implementação ACPI da Microsoft no Windows ou seria um bug na implementação da Intel no CoreDuo, que poderia inclusive afetar os novos sistemas da Apple?
sábado, janeiro 21, 2006
AMD licencia nova tecnologia de cache
A AMD e a startup Innovative Silicon Inc. assinaram um acordo de licenciamento de tecnologia que pode multiplicar por cinco a densidade de cache dos processadores da competidora e arqui-inimiga da Intel. A nova tecnologia chamada de Z-RAM (porque usa zero capacitores na construção) aumenta a quantidade de transistores, e portanto de bits armazenados, em uma mesma área de silício.
Sem a necessidade de mais máscaras ou novas etapas a serem executadas o novo método de construção pode até ser mais econômico que o tradicional. A única necessidade especial das novas memórias Z-RAM é que sejam feitas com o processo SOI (Silicon on Insulator). Mas a AMD já constrói processadores nesse método há algum tempo.
Essa nova tecnologia permitirá que os processadores da AMD consigam equiparar-se aos da Intel em termos de cache L2 e L3. O que a AMD espera com isso é que seus chips consolidem definitivamente a posição de mais rápidos do mercado. A Intel usa até 2MB de cache L2 nos Pentium enquanto que os Athlon64 ainda não passaram de 1MB, ainda assim os processadores da AMD conseguem superar os rivais em muitos testes de performance. Talvez com mais cache para os Athlon eles consigam superar de uma vez por todas os indices de desempenho da Intel. Esta última ainda é a maior e mais rentável fabricante de chips para computadores do mundo.
Sem a necessidade de mais máscaras ou novas etapas a serem executadas o novo método de construção pode até ser mais econômico que o tradicional. A única necessidade especial das novas memórias Z-RAM é que sejam feitas com o processo SOI (Silicon on Insulator). Mas a AMD já constrói processadores nesse método há algum tempo.
Essa nova tecnologia permitirá que os processadores da AMD consigam equiparar-se aos da Intel em termos de cache L2 e L3. O que a AMD espera com isso é que seus chips consolidem definitivamente a posição de mais rápidos do mercado. A Intel usa até 2MB de cache L2 nos Pentium enquanto que os Athlon64 ainda não passaram de 1MB, ainda assim os processadores da AMD conseguem superar os rivais em muitos testes de performance. Talvez com mais cache para os Athlon eles consigam superar de uma vez por todas os indices de desempenho da Intel. Esta última ainda é a maior e mais rentável fabricante de chips para computadores do mundo.
sábado, janeiro 14, 2006
Falcon_Dark colaborando para o Meiobit.com
Após algumas conversas com os administradores do site Meiobit.com eu aceitei o convite para tornar-me um colaborador fixo. Recebi permissão e acesso ao sistema do site para publicar livremente. Minhas entradas serão feitas na maior freqüencia possível, sempre que houver algo interessante a dizer para o pessoal que gosta de tecnologia. Ainda que eu tenha sido convidado a escrever principalmente colunas sobre hardware e Linux tenho liberdade para falar sobre qualquer assunto relacionado à tecnologia (não, futebol, política e religião não estão na lista de tópicos que irei comentar, a princípio ;-).
Deixo então o convite a todos os meus leitores que visitem o Meiobit.com e leiam as notícias e novidades, inclusive as de minha autoria. Esse trabalho será feito em paralelo com meus blogs e não tenho a intenção de deixá-los de lado, mas o formato de ambas mídias é diferente. No Meiobit.com irei focar-me em textos curtos, resumidos e mais informativos, enquanto em meus blogs irei manter a linha de escritos mais profundos e completos. Essa abordagem permitirá manter conteúdos exclusivos para todas as colunas e manter meus leitores bem informados e participativos.
Obrigado por acessarem meus blogs e por prestigiarem meu trabalho.
Deixo então o convite a todos os meus leitores que visitem o Meiobit.com e leiam as notícias e novidades, inclusive as de minha autoria. Esse trabalho será feito em paralelo com meus blogs e não tenho a intenção de deixá-los de lado, mas o formato de ambas mídias é diferente. No Meiobit.com irei focar-me em textos curtos, resumidos e mais informativos, enquanto em meus blogs irei manter a linha de escritos mais profundos e completos. Essa abordagem permitirá manter conteúdos exclusivos para todas as colunas e manter meus leitores bem informados e participativos.
Obrigado por acessarem meus blogs e por prestigiarem meu trabalho.
quarta-feira, janeiro 11, 2006
O que um chip de PC está fazendo em um Mac?
Meus companheiros usuários de Mac devem estar aos prantos. Saíram os primeiros produtos da Apple com processadores Intel x86. x86? É isso mesmo, x86. Oficialmente agora os computadores com a marca da maçã são descendentes diretos do IBM PC-XT.
Quando pela primeira vez Jobs anunciou que a Apple abandonaria o PowerPC eu me perguntei porque eles fariam isso. Sem achar uma boa resposta para a pergunta me limitei a determinar que o pessoal da Apple estava louco. Louco porque um Apple Mac usando chips de PC é um PC e nada mais. Onde pararia todo o glamour, a qualidade, a potência que sempre diferenciaram os Mac e justificaram seu preço? A Apple deixaria de ser uma criadora de computadores para ser mais uma montadora de PCs, como a Dell, a HP, a Lenovo, etc. Por que eles escolheram esse caminho?
Nesse meio tempo atentei-me para um detalhe. A Intel tem sua série de processadores Itanium2 que nunca vendeu como esperado. São processadores de 64-bit mas que usam um set de instruções diferentes do x86. O Windows sofre do mesmo mal que o OS/2 e portanto tem muito medo de sair da plataforma x86, então o Itanium não atraiu muita atenção de Redmond. E encalhou. Vende muito pouco e é um dos maiores micos da história moderna da Intel. A Apple poderia adotar esse processador, e mesmo usando chips da Intel ainda estaria em um nível diferente do resto dos computadores pessoais do mundo. Que nada! Mac agora é x86 mesmo com todas as letras e até chipset da ATi.
O portátil de nova geração chama-se MacBook e é, essencialmente, um notebook PC com a marca da Apple. Nem o argumento de usar o novo chip Intel CoreDuo que é um Pentium M de dois núcleos com tecnologia Centrino faz mudar alguma coisa. A Acer também já tem notebooks com essa tecnologia que são idênticos aos da Apple internamente e desempenham de maneira semelhante.
Duas coisas ficaram aparentes para mim no meio dessa cena toda:
1-Mesmo fazendo PCs a Apple ainda tenta fazer parecer que seu produto é diferenciado. Manteve o nome Mac para sua linha de computadores, mesmo que eles não sejam mais Macs de verdade. Um comparativo de desempenho entre o novo portátil e o antigo PowerBook G4 tenta mostrar que o novo hardware é muito mais eficiente que o anterior. Acontece que o PowerPC G4 é um processador que chegou ao mercado mais ou menos na mesma época do Pentium III, e portanto comparar essa nova geração de processadores com aquela é uma covardia sem tamanho.
2-O preço não está tão salgado. A máquina começa em US$ 1999,00 o que é palatável para um notebook topo de linha com o processador mais rápido e moderno do mercado. Parece que a Apple entendeu mesmo que os preços deveriam ser menores para competir com os outros PCs.
Acontece que o problema de preços da Apple é no resto do mundo, onde as etiquetas das máquinas da maça sempre mostram valores quase eróticos. Vai ser difícil vender esta máquina se ela chegar por aqui custando R$ 8.000,00 e um Toshiba ou HP idêntico (por dentro) e de mesmo poder de fogo ficar por R$ 6.000,00. Antes a arquitetura diferenciada e o desempenho eram justificativas para optar por um Mac. Agora que os Mac são PCs comuns a Apple terá de esforçar-se bastante para competir com eles em pé de igualdade. Ou ficar restrita ao mesmo nicho dos usuários que usam MacOS X, ao menos até que alguns hackers façam-no rodar descentemente no resto dos PCs do mundo.
Em tempo, eu descobri afinal porque a Apple deixou de usar os PowerPCs da IBM. A Big Blue parou de vender para a Maçã porque os números não justificavam os constantes investimentos na plataforma. Com o nascimento do Cell e da parceria entre IBM, Sony e Toshiba (essas duas não tão brigando no mercado de DVDs?) a Apple tinha que deixar de ser cliente de processadores da IBM. Assim quando as máquinas Cell chegarem serão as únicas a usarem a arquitetura Power e o que antes era diferencial para a Apple o será para o novo padrão.
A história da Apple é um emaranhado de ensinamentos e o Mac de nascimento morre agora em mais uma lição para a posteridade: se o diferencial do seu computador é a arquitetura seja você o dono dela, se outro for o proprietário da arquitetura que você usa você não vende computadores, você vende apenas uma marca.
Bem vindo, Macintosh x86...
Quando pela primeira vez Jobs anunciou que a Apple abandonaria o PowerPC eu me perguntei porque eles fariam isso. Sem achar uma boa resposta para a pergunta me limitei a determinar que o pessoal da Apple estava louco. Louco porque um Apple Mac usando chips de PC é um PC e nada mais. Onde pararia todo o glamour, a qualidade, a potência que sempre diferenciaram os Mac e justificaram seu preço? A Apple deixaria de ser uma criadora de computadores para ser mais uma montadora de PCs, como a Dell, a HP, a Lenovo, etc. Por que eles escolheram esse caminho?
Nesse meio tempo atentei-me para um detalhe. A Intel tem sua série de processadores Itanium2 que nunca vendeu como esperado. São processadores de 64-bit mas que usam um set de instruções diferentes do x86. O Windows sofre do mesmo mal que o OS/2 e portanto tem muito medo de sair da plataforma x86, então o Itanium não atraiu muita atenção de Redmond. E encalhou. Vende muito pouco e é um dos maiores micos da história moderna da Intel. A Apple poderia adotar esse processador, e mesmo usando chips da Intel ainda estaria em um nível diferente do resto dos computadores pessoais do mundo. Que nada! Mac agora é x86 mesmo com todas as letras e até chipset da ATi.
O portátil de nova geração chama-se MacBook e é, essencialmente, um notebook PC com a marca da Apple. Nem o argumento de usar o novo chip Intel CoreDuo que é um Pentium M de dois núcleos com tecnologia Centrino faz mudar alguma coisa. A Acer também já tem notebooks com essa tecnologia que são idênticos aos da Apple internamente e desempenham de maneira semelhante.
Duas coisas ficaram aparentes para mim no meio dessa cena toda:
1-Mesmo fazendo PCs a Apple ainda tenta fazer parecer que seu produto é diferenciado. Manteve o nome Mac para sua linha de computadores, mesmo que eles não sejam mais Macs de verdade. Um comparativo de desempenho entre o novo portátil e o antigo PowerBook G4 tenta mostrar que o novo hardware é muito mais eficiente que o anterior. Acontece que o PowerPC G4 é um processador que chegou ao mercado mais ou menos na mesma época do Pentium III, e portanto comparar essa nova geração de processadores com aquela é uma covardia sem tamanho.
2-O preço não está tão salgado. A máquina começa em US$ 1999,00 o que é palatável para um notebook topo de linha com o processador mais rápido e moderno do mercado. Parece que a Apple entendeu mesmo que os preços deveriam ser menores para competir com os outros PCs.
Acontece que o problema de preços da Apple é no resto do mundo, onde as etiquetas das máquinas da maça sempre mostram valores quase eróticos. Vai ser difícil vender esta máquina se ela chegar por aqui custando R$ 8.000,00 e um Toshiba ou HP idêntico (por dentro) e de mesmo poder de fogo ficar por R$ 6.000,00. Antes a arquitetura diferenciada e o desempenho eram justificativas para optar por um Mac. Agora que os Mac são PCs comuns a Apple terá de esforçar-se bastante para competir com eles em pé de igualdade. Ou ficar restrita ao mesmo nicho dos usuários que usam MacOS X, ao menos até que alguns hackers façam-no rodar descentemente no resto dos PCs do mundo.
Em tempo, eu descobri afinal porque a Apple deixou de usar os PowerPCs da IBM. A Big Blue parou de vender para a Maçã porque os números não justificavam os constantes investimentos na plataforma. Com o nascimento do Cell e da parceria entre IBM, Sony e Toshiba (essas duas não tão brigando no mercado de DVDs?) a Apple tinha que deixar de ser cliente de processadores da IBM. Assim quando as máquinas Cell chegarem serão as únicas a usarem a arquitetura Power e o que antes era diferencial para a Apple o será para o novo padrão.
A história da Apple é um emaranhado de ensinamentos e o Mac de nascimento morre agora em mais uma lição para a posteridade: se o diferencial do seu computador é a arquitetura seja você o dono dela, se outro for o proprietário da arquitetura que você usa você não vende computadores, você vende apenas uma marca.
Bem vindo, Macintosh x86...
terça-feira, janeiro 10, 2006
Novo Blog
Tem gente que já lê o que eu escrevo lá no Livre Acesso há algum tempo, espero que eles tornem-se visitantes freqüentes daqui também. Para quem nunca passou pelo meu outro blog, sobre software livre, fica minha pequena apresentação lá em cima à direita e um muito bem vindo ao meu novo blog.
Aqui vou falar sobre uma das minhas paixões: hardware. Sem trocadilhos, por favor! Como engenheiro o desenvolvimento tecnológico me fascina! Pense por um momento que há 50 anos atrás tudo era diferente:
-Os bancos faziam todas as contas de todos os seus clientes na mão;
-Aviões pousavam e decolavam no mundo todo com pouca ou nenhuma assistência além da experiência e coragem de seus pilotos;
-Afastando-se 50Km do centro de sua cidade você poderia estar isolado do mundo;
-Comunicar-se com alguém poderia levar dias ou até mesmo meses;
Vivemos uma nova era para a humanidade! Nos últimos 50 anos as distâncias encurtaram, tudo é imediato e está ao alcance de suas mãos. Com um celular conectado à internet você pode ter qualquer informação sobre qualquer assunto em qualquer lugar do globo, tudo isso graças aos desenvolvimentos tecnológicos das últimas décadas. O hardware dos dispositivos eletrônicos é, provavelmente, o engenho humano que avançou mais rápido em toda nossa história.
É para falar desse assunto fascinante e envolvente que eu criei este espaço; democrático, como de costume, para que possamos trocar idéias e novidades sobre tudo isso. Bem vindos!
Aqui vou falar sobre uma das minhas paixões: hardware. Sem trocadilhos, por favor! Como engenheiro o desenvolvimento tecnológico me fascina! Pense por um momento que há 50 anos atrás tudo era diferente:
-Os bancos faziam todas as contas de todos os seus clientes na mão;
-Aviões pousavam e decolavam no mundo todo com pouca ou nenhuma assistência além da experiência e coragem de seus pilotos;
-Afastando-se 50Km do centro de sua cidade você poderia estar isolado do mundo;
-Comunicar-se com alguém poderia levar dias ou até mesmo meses;
Vivemos uma nova era para a humanidade! Nos últimos 50 anos as distâncias encurtaram, tudo é imediato e está ao alcance de suas mãos. Com um celular conectado à internet você pode ter qualquer informação sobre qualquer assunto em qualquer lugar do globo, tudo isso graças aos desenvolvimentos tecnológicos das últimas décadas. O hardware dos dispositivos eletrônicos é, provavelmente, o engenho humano que avançou mais rápido em toda nossa história.
É para falar desse assunto fascinante e envolvente que eu criei este espaço; democrático, como de costume, para que possamos trocar idéias e novidades sobre tudo isso. Bem vindos!